A educação é - ou deveria ser - um dos principais focos na elaboração de estratégias para redução da desigualdade social. Perceptível já nos primeiros anos de formação, a disparidade de oportunidades ao longo de toda jornada de formação dos jovens e, mais tarde, no ingresso ao mercado de trabalho, impede o pleno desenvolvimento de talentos especiais com potencial para transformar vidas e influenciar positivamente a sociedade. Um dos impactos desse abismo é a dificuldade em se transformar a realidade dos mais vulneráveis. De acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), seriam necessárias 9 gerações para que os descendentes de um brasileiro entre os 10% mais pobres atingissem o nível médio de rendimento do país.
Criado em 2015, o Instituto Ponte tem como meta mudar essa realidade e acelerar exponencialmente a mobilidade social. A instituição já impactou diretamente mais de 250 jovens talentosos de baixa renda. Este ano, são 226 alunos, sendo 110 bolsistas com 100% de desconto em escolas top 5 do ENEM.
A abordagem do instituto é integral. Além das bolsas, oferece apoio pedagógico para organização do aprendizado e melhoria do desempenho escolar e um forte trabalho com as habilidades socioemocionais como autoestima, perseverança, superação de dificuldades.
O foco de atuação está em jovens cursando, em 2022, o 7º, 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental ou a 1ª e 2ª série do Ensino Médio e renda familiar de até 1,5 salário mínimo por membro familiar. De olho em alunos com potencial acadêmico, outros critérios são rendimento escolar superior a 70% nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática e assiduidade escolar acima de 90%.
A entrada na universidade ocorre por mérito próprio do aluno. Entre os já em nível universitário, 38% cursam Engenharias, Ciências da Computação, Sistema de Informação e Estatística; 12% cursam Medicina; 16% cursam Direito e Economia; 10% cursam Áreas da Saúde como Farmácia e Biomedicina e 24% cursam Psicologia, Arquitetura, Administração, Medicina Veterinária, entre outros.
"É responsabilidade geral cuidar dos jovens, permitir que cresçam e desempenhem integralmente todas as suas vocações e habilidades. Selecionamos alunos que além de uma inteligência acima da média têm vontade de conseguir crescer, de fazer sua ascensão", afirma Bartira Almeida, fundadora e presidente do Instituto Ponte.
Estímulo a jovens com potencial acadêmico.
A aposta em desenvolvimento socioemocional e cognitivo, aliada ao incentivo da capacitação educacional e profissional vem trazendo bons resultados. Graças ao programa, o filho de um metalúrgico e uma auxiliar de cozinha cursa Medicina; a filha de uma empregada doméstica e pai autônomo estuda Farmácia na USP.
Luiz Felipe Kama, de 19 anos, medalhista de ouro da Olímpiada Nacional de Matemática, saiu de uma cidade com 15 mil habitantes no interior do Espírito Santo para estudar como bolsista integral uma escola de ponta de Vitória, com alojamento e material escolar também financiados pela instituição. Hoje, com apoio do IP, cursa Ciências da Computação no Inteli - Instituto Tecnologia e Liderança, instituto tech inspirado em Stanford e no MIT, em São Paulo.
"Hoje tenho acesso a um novo mundo tecnológico e o desejo de aprender é cada vez maior. Está nos meus planos ampliar minha formação acadêmica na área tecnológica fora do Brasil. Sinto que posso ir além dos meus sonhos", conta Luiz Felipe.
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