O traficante paraense Leonardo Costa Araújo, conhecido como Léo 41, um dos 11 mortos na operação desta quinta-feira (23) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, estava escondido no Rio há pouco mais de dois anos e meio. Foragido em seu estado de origem, ele é acusado de ser chefe da maior facção criminosa do Rio no Pará, segundo O Globo.
No Rio, Léo 41 foi o primeiro bandido paraense a assumir o controle do tráfico de drogas em uma favela do estado. De acordo com investigações da Polícia Civil, o criminoso era responsável pelo tráfico em Porto das Caixas e Visconde, em Itaboraí, cidade vizinha a São Gonçalo.
Em foto obtida pelo Globo, o criminoso aparece usando um cordão, aparentemente de ouro e pedras preciosas, com a bandeira do Pará e o número 41, em alusão ao seu apelido.
De acordo com as investigações, Léo ganhou o comando dos bairros de Itaboraí dos traficantes Wilton Carlos Quintanilha, o Abelha, e de Edgar Alves de Andrade, o Doca, integrantes da cúpula da maior facção criminosa do Rio. Mesmo à distância, Léo 41 também comandava o tráfico de drogas também no Bengui, em Belém.
As investigações das polícias Civil do Rio e do Pará já detectam a migração de traficantes do estado do Norte do país para o Rio pelo menos desde 2018, com uma intensificação nos últimos três anos. Essa foi a primeira vez, no entanto, que se constatou um paraense no comando do tráfico em terras fluminenses.
Cúpula escondida do Rio
Atualmente, segundo informações da Polícia Civil do Pará, a cúpula da facção no estado está escondida em favelas no Rio.
Além de Léo, estão no estado Anderson Souza Santos, o Latrol, David Palheta Pinheiro, o Bolacha e Oriscarmo Rodrigues Rocha, o Ouri. Os quatro ocupam os cargos mais altos da organização criminosa. Os investigadores acreditam que todos estejam usando identidades falsas.
De acordo com as investigações da Polícia Civil do Rio, Latrol e Bolacha eram os principais comparsas de Léo 41 e o auxiliavam no comando do tráfico em Itaboraí. Todos tinham como base o Complexo da Penha, onde 23 pessoas foram mortas em operação da polícia em maio de 2022, entre eles três paraenses.
Em outra foto, o traficante aparece com a esposa na Vila Cruzeiro, na Penha, onde estava morando. No ano passado, o Disque-Denúncia lançou cartaz pedindo informações de Léo 41, Latrol e Borracha.
Em Porto das Caixas e Visconde, além de o comando estar na mão de paraenses, de 10 a 15 traficantes que atuam nos bairros também são do estado do Norte. O tráfico tomou os bairros em maio de 2021, após a prisão de milicianos que atuavam na região.
Os criminosos usaram como base o Complexo do Salgueiro, onde também há a informação de presença de paraenses. Em uma operação do Bope em novembro de 2021, Jhonata Klando Pacheco Sodré, de 28 anos, foi morto na comunidade. Ele era do Pará.
Léo e policiais no PA
De acordo com fontes de inteligência do Pará, a maior facção criminosa do Rio se fortaleceu no Norte há cerca de 7 anos, sob o comando do traficante Alberto Bararuá de Alcântara, o Beto Bararuá, que ficou preso em unidade federal.
No presídio, teve contato com criminosos de diferentes partes do Brasil. Ele conseguiu arregimentar vários comparsas e, atualmente, a quadrilha carioca é a mais forte no estado do Norte.
Em 2021, o “Fantástico”, da TV Globo, divulgou uma conversa na qual um oficial da PM negociava com Léo o fim de atentados contra policiais no Pará. O tenente-coronel falou com o traficante, que já estava foragido, pelo celular de um preso, de dentro de uma unidade prisional paraense.
Na época, uma série de atentados contra policiais penais foram registrados no estado do Norte do país. Em quatro meses, foram sete ataques e cinco policiais penais assassinados.
Operação: 11 mortos
Nesta quinta-feira, ao menos 11 pessoas morreram durante uma operação das polícias civis do Rio e do Pará e da Polícia Militar do Rio no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. A região teve uma intensa troca de tiros que, segundo a Polícia Civil, começou após as equipes serem atacadas pelos criminosos. Outras pessoas também teriam ficado feridas, entre elas duas moradoras do local.
Os agentes cumprem mandados de prisão e de busca e apreensão. Um dos alvos da ação, que acabou ferido e morto, é Leo 41, traficante apontado como o chefe do tráfico de drogas no Pará.
Leo 41 estava foragido desde 2019.
Ele é apontado pela polícia como um dos responsáveis por uma série de ataques que mataram mais de 40 agentes de segurança pública no estado do Pará nos últimos dois anos. O traficante, segundo as investigações, assumiu o comando da facção no estado no norte do país após a prisão de Claudio Augusto Andrade, o Claudinho do Buraco Fundo, em setembro de 2020.
Com informações e fotos de O Globo