Na tarde da última terça-feira (16), indígenas de várias etnias iniciaram uma manifestação no km 27, estrada rural que dá acesso ao Canal de Derivação e a Barragem de Pimental, em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará. Conforme a empresa Norte Energia, cerca de 80 indígenas ocuparam o travessão e anunciaram intenção de ocupar as instalações da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
O protesto dura dois dias e segundo a empresa, até agora os indígenas não se posicionaram sobre a pauta de reivindicações. Nenhum documento ou lista com pedidos foi enviada à direção da empresa, que mantém sede em Altamira, sudoeste do Pará. Segundo a Norte Energia, os indígenas teriam informado que nesta sexta-feira (19), haverá uma reunião com a Secretária Nacional de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Juma Xipaia.
Após a interdição da estrada que dá acesso ao Canal de Derivação e à Barragem de Pimental, os indígenas ocuparam, nesta quarta-feira (17), o Centro de Pesquisas da empresa e tomaram cinco veículos. O protesto é considerado pacífico, mas a empresa já notificou o Ministério da Justiça e Segurança pública, além do Ministério de Minas e Energia e dos Povos Indígenas, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, além de solicitar reforço da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Polícia Militar e Secretaria Estadual de Segurança Pública do Pará.
Segundo a empresa, as medidas foram tomadas para proteger as instalações do Complexo Belo Monte, os colaboradores e resguardar suas responsabilidades com o setor elétrico. O jornalismo da Vale do Xingu apurou que o motivo da insatisfação do povo Juruna seria a demora para a demarcação da TI Paquiçamba; o PBA da etnia que segundo eles nunca foi implementado; a construção para um canal de desova dos peixes, para atender a TI Paquiçamba; além da melhoria em ações de saneamento básico na aldeia.
Imagens do local do protesto mostram que mais indígenas se juntaram à manifestação e a previsão é que outras etnias enviem representantes. A estrada segue interditada e nenhum veículo da empresa Norte Energia, ou de empresas prestadoras de serviço tem autorização para passar. Agentes da Força Nacional, PRF, PF e Polícia Militar mantêm a segurança no local, mas até o momento não há informações oficiais sobre tensão na área.
Em nota enviada à imprensa a companhia afirma respeitar toda e qualquer manifestação pacífica, e acrescenta, ainda, que mantém permanentemente diálogo aberto com os Povos Indígenas do Médio Xingu, disponibilizando um Programa de Comunicação e agendando reuniões tripartites com a participação de representantes indígenas e de órgão indigenista para discussão e análises das ações em execução.
"A Norte Energia, empresa privada, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, vem a público para informar o que segue:
A Norte Energia não detém mais informações sobre o evento e busca, no momento, a proteção dos seus colaboradores e de suas instalações, bem como resguardar suas responsabilidades junto ao setor elétrico.
A companhia firma seu respeito a toda e qualquer manifestação pacífica. A Norte Energia acrescenta, ainda, que mantém permanentemente diálogo aberto com os Povos Indígenas do Médio Xingu, disponibilizando um Programa de Comunicação e agendando reuniões tripartites com a participação de representantes indígenas e de órgão indigenista para discussão e análises das ações em execução."
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