A família de um indígena que morreu após ter 90% do corpo queimado, pede por justiça e prisão da responsável. O apelo foi feito por uma familiar de Joarlison da Costa Pantoja, de 23 anos, que na manhã da última quarta-feira (2), após complicações por conta das queimaduras, não resistiu aos ferimentos.
"A gente quer ela presa, que ela pague, ela precisa pagar pelo que ela fez. Ela tentou e conseguiu, né? Tirou ele da gente, e isso não pode ficar assim.", desabafa um familiar.
"Na noite do sábado para domingo, dia 15 [de julho], meu pai me ligou dizendo que tinha acontecido um incêndio na casa dele, que ele tava muito queimado e que ele vinha para Altamira. Então, a gente se deslocou para o hospital, fomos para lá, a gente ficou aguardando lá ele chegar no hospital", relata um parente da vítima, que não quis se identificar.
"Ele vinha dentro do carro só de cueca, e quando ele viu a gente, se desesperou e pulou de dentro do carro. A primeira coisa que ele fez foi se mostrar para o meu pai e ele disse assim: oh, pai, olha só como é que eu tô, olha só o que ela fez comigo.", continuou.
Segundo a família, apesar da gravidade dos ferimentos, Joarlison contou com detalhes o que aconteceu, e a prima, que também estava com ele na casa, contou a mesma história. Eles ficaram feridos após a esposa de Joarlison jogar gasolina no marido e na cozinha e atear fogo na vítima.
"Ele pegou o tambor de gasolina e foi botar na moto, que ficava lá fora em uma área pequena, aí ela foi lá e tomou dele, eram 30 litros de gasolina. Ai ela disse: 'tu não vai levar nada aqui não'. E disque ela começou a jogar gasolina de fora para dentro", conta o familiar. "Aí chegou certo ponto da geladeira, que a cozinha dele não é muito pequena, ai ele disse: 'rapaz, eu vou levar pelo menos minha chave', e ela disse: 'tu não vai levar é nada', e aí, ele foi e tentou tomar o tambor dela e ele disse que na puxada, que tava aberto, né, derramou nele, e ela foi correu e riscou o isqueiro bem na hora.", relata.
Em chamas, Joarlison saiu correndo e pediu ajuda para um indígena que morava na frente de sua casa. O homem ajudou a apagar as chamas do corpo da vítima e correu para auxiliar a mulher e a prima dele que estavam ainda na casa. Os três ficaram internados em Altamira, na unidade de queimados do hospital municipal por cerca de 3 dias, até serem transferidos para o hospital metropolitano em Belém.
As duas indígenas seguem internadas. A prima de Joarlison teve queimaduras de 2º e 3º grau nas pernas, no quadril e nos braços, já a esposa dele teve queimaduras nas pernas.
Após o incidente na aldeia, a família fez dois boletins de ocorrências, um em Altamira, e outro em Belém. O caso é investigado pela Polícia Civil em Vitória do Xingu, município onde fica localizada a aldeia.