ALTAMIRA SUPERAÇÃO
Conheça o vendedor de picolé que anda mais de 20 km em Altamira
Ronilson Pinheiro enfrenta sol e poeira para vender picolés em praia do município
25/08/2023 14h10
Por: Redação Fonte: Brasil Novo em Foco, com Confirma Notícia

Um flagrante feito por um motorista de aplicativo que levava passageiros para uma praia que fica há mais de 12 quilômetros do centro de Altamira, sudoeste do Pará"Quem acha que a vida tá ruim, olha só o cara vem de pé lá da rua para vender picolé no Massanori.", narra o motorista enquanto registrava o trabalhador.

A estrada de chão com muita poeira não é empecilho para o Ronilson que vende picolé para banhistas no Massanori. Mesmo indo a pé, e percorrendo mais de 20 quilômetros com ida e volta, ele garante que a viagem longa compensa porque toda mercadoria é vendida às margens do Xingu.

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"A gente acostuma, sabe? No meio daquela mata andando, às vezes a gente encontra carona, quem vai de caminhonete. Gosto de ir para lá. Ao invés da pessoa roubar, estar andando nas ruas e ganhando dinheiro de forma honesta.", conta o vendedor de picolé, Ronilson Pinheiro.

Quando encontra carona, ele fica menos exposto ao calor que ultrapassa 33 graus. O jornalismo da Vale do Xingu acompanhou um pouco da rotina do trabalhador que sai para vender picolé às nove horas da manhã. O dono da sorveteria diz que Ronilson já conquistou muitos clientes. A força de vontade dele é o que mais chama à atenção.

"Graças a Deus vende bem, um cara muito esforçado.", afirma Alexsandro Silva. "Ele anda bem, ele anda essa Altamira inteira com o carrinho dele.".

"Eles pegam por porcentagem, a gente passa um valor xis para eles e aí acrescentam mais para tirar 40% a 50% de lucro na rua.", explica o dono da sorveteria.

E é assim percorrendo vários quilômetros, enfrentando o sol forte do inverno amazônico, que Ronilson segue para realizar um grande sonho: ter a casa própria mobiliada. 

"Ganhar um dinheiro bom para comprar uma casa e colocar as coisas dentro, televisão, geladeira. Por enquanto não tenho nada disso. Uma casa própria, tirar habilitação e comprar uma moto", conta o vendedor.

Ronilson sonha com a casa própria - Foto: TV Vale do Xingu

Quando consegue vender todos os picolés e outros produtos da sorveteria, Ronilson consegue em média de R$ 120,00 a R$ 150,00 reais. Mas quando a clientela não aparece, o valor gira em torno de R$ 50 reais ao dia. Ele mora sozinho, e em uma casa simples, e planeja o futuro.

"Minha mãe sempre me deu conselhos, minha mãe sempre foi evangélica, eu tenho uma bíblia lá em casa e sempre leio.", conta.

Encontramos o motorista que filmou, o profissional que sempre faz corrida para o Massanori. "Eu decidi filmar ele porque é muita coragem, muita força de vontade dele, tá ali naquela estrada, na poeira, sol quente empurrando o carrinho de picolé, naquela distância pra ganhar o pão de cada dia. Muitas das vezes a pessoa tem tudo e não dá valor.", disse o profissional.

Com tanta gente que admira e torce, Ronilson não pensa em desistir da atividade, além de Altamira, já vendeu picolé em Marabá e até Tucuruí.

Agora, nas ruas de Altamira, ele conhece os quatro cantos da cidade, todo dia faz novos amigos e deixa a vida mais leve e até doce, garante ele. E quando pergunto qual sabor sai mais, ele tem na ponta da língua a resposta. "Eu gosto muito de vender picolé, é um trabalho que não queria abandonar nunca. Gosto é de andar.", finaliza Ronilson Pinheiro.