Um anúncio oferecendo um veículo muito abaixo do valor de mercado, atraindo pessoas interessadas e precisando do bem. O anúncio tem os dados do veículo, o valor, e contato do anunciante, com foto no perfil. A história é de mais uma vítima do golpe da falsa venda de moto na internet.
"Foi assim, eu achei ele no Face[book], ele estava anunciando que vendeu uma moto por R$ 6 mil reais, o dinheiro que eu tinha, entendeu, peguei e comprei a moto. Ele mandou o documento no nome do meu marido, mandou a foto da moto e tudo, tudo passando para o nome do meu marido, entendeu? Quando foi na hora, ele pediu para eu fazer o depósito que ele já estava chegando com a moto, mostrou a moto e tudo, mas ele não me entregou a moto, e me bloqueou no zap.", afirma a vítima.
Mas segundo a polícia, montar um perfil e fazer o anúncio é a parte mais fácil do golpe. Uma foto simples, que pode ser baixada de banco de imagens da internet, e um número que após o golpe pode ser facilmente descartado. Após ouvir do suposto vendedor que a moto seria entregue em Altamira, sudoeste do Pará, ela fez um PIX, e a conversa mudou logo depois.
Primeiro ele informou que a moto já estaria pronta para entrega, que só faltavam alguns ajustes para que ela fosse embarcada em uma transportadora para seguir viagem até Altamira. Depois, que a documentação precisava ser registrada em cartório. O tempo foi passando e como a moto não era entregue, a vítima percebeu que havia caído em um golpe e procurou a delegacia.
"A única foi que eu peço assim é por justiça, entendeu, porque eu sei que eu não vou recuperar meu dinheiro, mas ele vai continuar fazendo com várias pessoas. Como até hoje ele ainda conversa com a minha cunhada sobre essa mesma moto que ele vendeu para mim."
O número de contato enviado para a vítima está em nome, supostamente, de Fernando da Silva Costa, que supostamente seria funcionário do Detran em Medicilândia, sudoeste. Entramos em contato com o número que está anunciando, me apresentei como uma pessoa interessada no veículo, vejam o que o suposto vendedor fala.
Após afirmar que era funcionário do Detran, nós procuramos a instituição. Em Medicilândia realmente há um Ciretran, mas não existe nenhum funcionário com esse nome. Lá na cidade não há pátio para retenção de veículos. Após serem apreendidos em operações policiais, ou blitz, eles são trazidos para o pátio da empresa particular que faz os leilões do Detran, aqui em Altamira.
Segundo o Detran, o departamento não faz venda direta dos veículos apreendidos, e nenhum funcionário tem autorização para anunciar esses bens em nome da instituição ou de terceiros. A venda dos veículos somente pode ser feita por meio de leilões amplamente divulgados no site do Departamento de Trânsito do Pará e na imprensa. Em caso de falsos anúncios em nome da instituição, a polícia deve ser informada imediatamente.
"O Departamento de Trânsito do Estado (Detran) informa que não existe servidor com este nome na Ciretran de Medicilândia e que o referido anúncio se trata de golpe. A Ciretran já fez boletim de ocorrência. O Detran alerta que a única forma de compra de veículos do órgão é por meio de leilão."