Os alvos da Operação "Oceano Azul", da Polícia Federal (PF), foram acordados pelos agentes, na manhã desta quinta-feira (4). Segundo a PF, foram cumpridos 15 mandados de prisão, busca e apreensão contra integrantes de uma organização criminosa que lavava dinheiro do tráfico e enviava cocaína do Brasil para a África e a Europa, utilizando embarcações pesqueiras. Havia alvos da operação em seis cidades paraenses e em outros sete estados.
A ação começou cedo. Na região do Xingu, uma pessoa foi presa em Porto de Moz, sudoeste do Pará, um comerciante que mantinha uma loja de produtos eletrônicos e teria participação na lavagem de dinheiro. A identidade dele não foi revelada pela polícia, mas além do imóvel pertencente ao comerciante, a polícia também esteve em uma agência bancária na cidade. Com autorização da justiça, o sigilo bancário dos alvos da operação foram quebrados.
"A partir de agora a polícia vai fazer a análise do material apreendido com os investigados, e a partir desse material é que a equipe vai fazer uma análise para saber se vai ou não ter uma segunda fase da operação. Em regra, a análise desses dispositivos nos propicia um vasto leque de identificação de outros atores e do modus operandi e de outras formas de atuação do grupo criminoso.", explica o delegado Lucas Gonçalves.
No Pará, foram cumpridos mandados nas cidades de Vigia, Curuçá, Abaetetuba, Ananindeua, Belém e em Porto de Moz. Também há alvos em Roraima, Amazonas, Ceará, São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais. De acordo com a polícia, as investigações tiveram início em 2023 após uma mega apreensão de cocaína na cidade paraense de Curuçá.
"A operação ela teve início após a apreensão de 1 tonelada de cocaína no município de Curuçá, essa droga estava enterrada em um sítio e a parte da apreensão e da prisão de alguns envolvidos que estavam nessa localidade a gente conseguiu desenvolver a investigação policial para descortinar, descobrir novos atores envolvidos na empreitada criminosa. Então ela teve início após a apreensão de 1 tonelada de cocaína e da prisão em flagrante dos indivíduos que ali estavam.", afirma Lucas Gonçalves.
Uma das coisas que chamaram a atenção da polícia foi o modo como essa droga era transportada pelos integrantes da quadrilha. Para não chamar a atenção das autoridades e levantar suspeitas sobre as embarcações que saíam do Brasil com destino à África e Europa, os criminosos utilizavam barcos pesqueiros.
"O processo utilizado pelo grupo criminosos ele é bem amplo, ele começa na logística da ocultação do entorpecente nos barcos pesqueiros eles fazem a contaminação dessas embarcações, e essas embarcações são encaminhadas para a costa africana e para o continente europeu, e aí estamos falando de toneladas de cocaína. O valor de mercado dessa droga, principalmente fora do continente latino-americano tem um valor agregado muito alto.", afirma.
"Então essa cocaína ela é vendida na Europa por um valor muito alto e gera um lucro muito alto para os criminosos, e que naturalmente eles precisam encontrar maneiras de ocultar e fazer a simulação desses valores. O que chamou a atenção da investigação nesse ponto específico foi não só a forma já usual de lavagem de capitais através da constituição de pessoa jurídicas, com a utilização de laranjas e de testas de ferro, mas dessa vez eles fizeram a utilização da constituição de uma instituição financeira, a constituição de um banco, para poder na tentativa de passar legitimidade àquele lucro auferido.", finaliza o delegado.
Estima-se que o grupo criminoso tenha movimentado mais de R$ 50 milhões entre os anos de 2022 e 2023. Segundo a Polícia Federal, as investigações continuam. O nome da operação, Oceano Azul, é uma alusão a uma das embarcações pesqueiras utilizadas pelo grupo criminoso.
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