Carlos Serafim ou prateado do Mob. Esse é o motorista de aplicativo que está sendo reconhecido como um herói em Altamira, sudoeste do Pará. Foi ele quem identificou e conseguiu conter Cleiton Oliveira, o sequestrador e assassino da pequena Sara Raabe. O trabalhador contou que estava empenhado nas buscas com outros colegas de profissão e naquela manhã de domingo sentiu que o criminoso pudesse estar no Viena que é vizinho ao ramal onde Sara morava. Por coincidência, a primeira corrida do dia foi justamente para esse bairro.
"Essa corrida me levou até o Viena. Já tinha pegado uma antes da feira e saí da feira no São Domingos da própria feira fui para o Viena. Era um casal, uma senhora e um senhor e um rapazinho, chegando no local finalizei a corrida e na frente daquela casa tinha um bar e uma senhora limpando lá e naquela casa tinha dois pés de caju. Perguntei se vendia café e ela me deu um.", relata o motorista.
Carlos percebeu que estava diante do homem mais procurado na região do Xingu. E para ter a confiança dele chegou a conversar por cerca de meia hora e ainda ofereceu café e água.
"E eu falei para aquele rapaz, você quer um carro de aplicativo? Aí ele olhou para mim e disse que tava sem dinheiro. E no automático eu conheci aquele rapaz, porque eu vi um vídeo dele circulando em uma mesa todo nervoso. Perguntei para ele para onde ele ia e ele disse que ia para balsa, ele ia atravessar a balsa para ir para Assurini. E tentei envolver ele em uma conversa pra distrair ele. Perguntei se ele trabalhava com cacau, se era meeiro pra ele não perceber que eu tinha reconhecido ele."
Cleiton se preparava para fugir e demonstrava frieza sem aparentar qualquer tipo de nervosismo ou tristeza. Agia normal e trafegava pelas ruas do bairro em plena luz do dia.
"Nós temos um grupo dos motoristas, só que naquele momento eu entendi que era eu e ele, eu não poderia teclar, nem falar nada naquele momento porque ele ia correr. Se ele tava correndo das autoridades e ninguém pegava ele, imagina eu. Eu larguei o celular na mesa para ele não perceber nada", diz Carlos.
Carlos já serviu o Exército Brasileiro e revelou que lá aprendeu técnicas de segurança e até mesmo de como agir em situações de conflito sem perder o controle emocional. Ele está há um ano trabalhando como motorista de aplicativo e não esperava que fosse ser extremamente importante para desvendar o caso do sequestro da pequena Sara. Foram mais de 60 homens e mulheres na mata em busca de pistas sobre Cleiton, ele desafiava os policiais e chegou a ser comparado com o Lázaro, o serial killer preso e morto no estado de Goiás.
"E quando chegaram duas motos com dois rapazes na garupa, aí o rapaz tava na moto olhando para o celular e olhando para ele, quando eles pararam e vieram para entrar no bar ele já foi correndo e eu já estava do lado dele mesmo, peguei ele joguei no chão e segurei. Aí veio um rapaz com uma faca querendo furar ele e eu não deixei porque ele ia virar um assassino por causa de outro assassino.", relata o motorista.
Para a Associação que representa os motoristas de aplicativo de Altamira, a descoberta do paradeiro de Cleiton feita por um trabalhador representa a angústia de vários pais e mães que de alguma forma tentavam ajudar. Além da categoria, os mototaxistas também auxiliavam nas buscas.
"A Associação de motoristas de aplicativo tem um objetivo único de prestar um bom serviço para a sociedade. Em nome de todos os motoristas de aplicativo, nós queremos prestar a solidariedade à família e em especial toda a sociedade.", afirma o presidente da associação dos motoristas, Kalebe Moraes.
Cleiton quase foi linchado por moradores. Carlos também precisou convencê-los de que a justiça com as próprias mãos não poderia ser feita e que era necessário aguardar a polícia. O criminoso chegou a dizer que a criança ainda estaria viva, mas depois confessou que matou a menina. O corpo foi encontrado a 2 km de onde a família morava na área rural. Um dia triste para toda a cidade, mas que teve uma resposta após 4 dias de buscas, graças ao motorista de aplicativo Carlos que agora é o herói prateado.
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