Por questões éticas a paciente não será identificada. Moradora da cidade de Porto de Moz, sudoeste do Pará, a doméstica procurou o Hospital Municipal "Ana Nery" para fazer uma laqueadura no dia 17 de maio e desde então a família vive uma via crucis com idas regulares à unidade.
"Foi feita umas duas horas da tarde quando deu meia-noite começou a aparecer essas bolhas de 'roxura'. Quando foi na sexta-feira eles mandaram ela para casa com a barriga toda roxa, aí levamos ela no hospital de novo, foi feito um novo procedimento, eles cortaram com bisturi e tiraram uma grande quantidade de sangue preso que tava dentro, aí mandaram ela de volta para casa.", afirma conta o marido da doméstica.
Após fazer o segundo procedimento e ser liberada pelo médico, a paciente começou a apresentar novas complicações. Segundo o marido, o local da cirurgia nunca desinchou, e começou a sangrar lentamente. A situação causou angústia em todos, e a família passou a pedir que o hospital solicitasse transferência para Altamira, sudoeste do Pará, mas o pedido nunca foi aceito.
"Quando foi uma semana depois, voltamos de novo no hospital, eles cortaram de novo aonde eles haviam cortado a primeira vez, aí saiu uma grande quantidade de sangue preso, de novo. Já triplicou a quantidade de sangue que tava preso, ficou internada, eles colocaram um dreno, o dreno passou cinco dias, e não foi um dreno eles fizeram uma gambiarra com uma luva. Tiraram um dedo da luva e colocaram como um dreno.", conta.
O procedimento com a luva foi registrado pelos familiares e a equipe de reportagem da Vale do Xingu teve acesso ao vídeo. As imagens são fortes, mas no registro é possível ver que uma parte da luva cirúrgica de látex está presa ao abdômen da mulher. Após o novo procedimento a família afirma que a paciente já não tem forças para se levantar, que a hemorragia é contínua, e o local da cirurgia segue inchado e com marcas roxas.
Sem saber a quem recorrer, eles resolveram tornar o caso público na tentativa de conseguir que a paciente seja transferida para um hospital com mais recursos. A família cobra ainda explicações da Secretaria de Saúde sobre a contratação do médico responsável pelo plantão. Na cidade há relatos de dois outros casos de incidentes durante procedimentos cirúrgicos, ambos envolvendo recém-nascidos.
"Eles se negam a dar o encaminhamento para Altamira, eu fui pedir e eles alegam não haver necessidade porque já estava tudo controlado. Eles ficam com medo de dar o encaminhamento sabendo que na hora que chegar aí em Altamira os médicos vão condenar a incompetência deles", pontua o esposo da paciente.
O Confirma Notícia entrou em contato com a direção do hospital, e por telefone, o diretor da unidade confirmou que houve erros de procedimento em dois partos, em que as crianças receberam atendimento por outro profissional imediatamente. Ainda segundo o diretor, uma das crianças foi encaminhada para Belém, e segue em observação.
Com relação ao procedimento de laqueadura, o diretor informou que a paciente estaria internada e que passou por um novo procedimento de drenagem. O diretor segue informando que após os casos de suposto erro médico, o profissional foi afastado devido a todos os transtornos causados às famílias. Nós não conseguimos contato com os familiares dos recém-nascidos, mas o marido da paciente que realizou laqueadura afirma que ela está em casa e que os problemas continuam.
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