Até o fim do ano, o escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Alenquer, no Baixo Amazonas, planeja aumentar a quantidade de pescadores artesanais atendidos em mais de 400%: dos atuais 130 para pelo menos 700. São pessoas que trabalham há gerações com captura de espécies como tambaqui e aracu, em dimensões tais quais o Lago do Urubu e o próprio Rio Amazonas.
Uma das ferramentas para o incentivo do processo de atendimento integralizado do governo do Estado, para a pesca artesanal, é o crédito rural, cujo acesso, segundo especialistas da Emater, encontrava-se inativado à categoria no município fazia 13 anos, por conta de entraves burocráticos.
Na próxima sexta-feira (28), por meio de projetos elaborados pela Emater, e com o apoio da prefeitura municipal, 50 chefes-de-família, entre homens e mulheres, vão assinar contratos do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) com o Banco do Brasil (BB) para receber um total de mais de meio milhão de reais, a fim de renovar apetrechos, a exemplo de malhadeira. O ato solene realizar-se-á às 9h, na sede municipal da Emater, no bairro do Aningal.
“A Emater não é apenas governo: aqui em Alenquer ela é amizade. A atenção que recebemos, as trocas de saberes, a valorização - tudo isso repercute em mais qualidade de vida, mais abastecimento alimentar, mais dignidade a todos. A Emater conhece, entende e ajuda a melhorar nossa realidade”, afirma o coordenador do Núcleo Conceição Rural, o pescador Arnaldo da Palma, de 49 anos.
A expectativa é de que, nas próximas semanas, outros 80 projetos de crédito rural para pescadores artesanais sejam aprovados no trâmite do BB.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Alenquer, o técnico em agropecuária Waldomiro Yared, com a aquisição de novos utensílios, os pescadores devem aumentar a produtividade em 40%, de forma imediata.
“Na prática, significa modernização, reforma, atualização tecnológica. Nós atuamos com mobilização, conscientização, caminho de informação e resultado concreto das políticas públicas”, diz.
Famílias
Os primos Janderson Simões, de 30 anos, e Rick Simões, de 24 anos, moradores da comunidade Cabeça do Cuipeua, pescam por semana cada um, em média, 400 quilos de peixe. Uma parte serve ao consumo dentro de casa e a outra é comercializada diretamente na vizinhança.
Netos de pescadores, será a primeira vez em que ambos terão a oportunidade de crédito rural.
“Nossa, vai ajudar é muito. Sem palavras. O custo isolado, se a gente fosse comprar sem política pública, seria muito alto pra nossa dinâmica de faturamento e lucro”, calcula Janderson.
Rick, acostumado a pescar desde a infância, considera-se “enfim contemplado”: “Chegou nossa vez”, resume.
Texto de Aline Miranda
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