Neste mês, um grupo de peritos criminais da Polícia Científica do Pará (PCEPA) realizou a reprodução simulada dos fatos do caso da tatuadora Flávia Bezerra, de 26 anos, vítima de feminicídio em Marabá, região sudeste do Estado.
A solicitação ocorreu por parte da Polícia Civil para entender a dinâmica do crime. A investigação do desaparecimento da jovem foi feita por meio da Operação Anástasis, resultando na descoberta do corpo da vítima em uma cova, no município de Jacundá, há 114 km da região onde ela morava.
A reprodução simulada funciona refazendo o trajeto das pessoas envolvidas no crime, onde estas relatam o ocorrido no dia. Neste caso, participaram da reprodução a companheira do principal suspeito do feminicídio e o irmão dela, além de outra testemunha intimada.
A dinâmica da reconstituição foi dividida em três cenas: a primeira no condomínio onde o casal de suspeitos moram, em Marabá; a segunda foi realizada no município de Jacundá, onde encontraram com outro suspeito pelo crime, e a terceira cena foi refeita em um ramal também em Jacundá, onde o corpo da vítima foi encontrado.
“A história relaciona três suspeitos, cada um contando sua versão da história. Nos cabe reproduzir essas cenas e posteriormente, analisá-las para chegar o mais perto possível dos fatos ocorridos no dia”, afirmou o perito criminal e gerente do Núcleo de Perícia Audiovisual, Jânio Arnaud.
No dia anterior à reprodução, foi realizada uma visita técnica para planejar o melhor trajeto.
“Quando formamos uma equipe para um exame desses, sempre seguimos um roteiro, seguimos basicamente a ordem cronológica dos fatos, estrategicamente escolhemos a ordem dos depoentes, entramos em contato com a autoridade policial para esclarecer as dúvidas, estudar o inquérito, verificar as situações que eventualmente podem ocorrer, também pedimos apoio de outras forças policiais. E uma etapa essencial é a visita técnica até os locais para estudar o que será feito, verificar as necessidades de equipamentos que iremos precisar, entre outros detalhes”, explicou Arnaud.
Como apoio da reprodução simulada, estiveram presentes a Polícia Civil (PCPA) e também a Polícia Militar do Pará (PMPA). Para a ação, foram destacados 5 peritos criminais, tanto de Belém quanto da Coordenadoria Regional de Marabá.
O isolamento da área foi uma questão importante para a reprodução. “A primeira cena foi realizada numa área condominial, onde há muita circulação de pessoas, então houve um acordo com o setor sindical do condomínio para que criassem uma logística para desenvolvermos o trabalho de forma tranquila e sem interferência externa”, explicou.
Além disso, o perito explica a importância de realizar o exame no horário aproximado do ocorrido. “Reproduzimos as cenas exatamente naquele horário, que assim a gente consegue perceber as condições de percepção, condições físicas do local, e assim fazer associações, o que poderia acontecer de forma lógica naquele momento”, afirmou o perito.
O próximo passo é confrontar as informações do inquérito, áudio do depoimento com fotos e vídeos do drone e das câmeras para assim criar hipóteses. As hipóteses serão debatidas entre os peritos até chegar a uma versão final, que irão entregar à autoridade solicitante.
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