As boas-vindas é com esse portal evidenciando que chegamos na Capital Nacional do Cacau. Medicilândia fica na região sudoeste do Pará, distante da capital paraense a mais de 900 quilômetros.
Ela carrega o título de maior produtora do Brasil, o cultivo do fruto começou quando a cidade ainda nem era emancipada, pouco tempo depois da aberturada da BR-230. Foi no km 100 às margens da Transamazônica que a Estação Experimental da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) foi instalada, nela chegaram as primeiras sementes vindas da Bahia, ainda na década de 70.
"Foi feito um levantamento de solo aqui na região muito bem feito e foi definido quais os municípios produtores de cacau na região, já que a lavoura exigia solo de alta fertilidade, e Medicilândia, foi escolhida.", afirma Paulo Henrique Fernandes, da Ceplac.
Após o declínio do projeto da cana-de-açúcar com uma usina na vila Pacal, o cultivo do cacau ganhou destaque. Hoje são cerca de 50 mil toneladas de amêndoas por safra e com área plantada de 70 mil hectares Medicilândia sobrevive das lavouras. Mais de 90% da população depende direta ou indiretamente do cultivo.
Pioneira, foi também aqui o primeiro projeto de uma fábrica para produzir chocolate através da Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (COOPATRANS). Um sonho que parecia distante, mas com a pavimentação do trecho que corta o município e com o esforço de mais de 40 cooperados a fábrica começou a funcionar no ano de 2010.
"O foco era como verticalizar alguma atividade que já existia para que garantisse a sustentabilidade e também a questão social. O Funcacau nasceu no mesmo período, isso virou ideia e em 2008 já era lei. O município, o estado começaram a arrecadar, hoje é arrecado R$ 100 reais por tonelada do comércio do cacau vendido para fora do estado. Foi esse fundo que possibilitou que a Transamazônica pudesse fabricar chocolate.", conta Ademir Venturin, Presidente da Coopatrans.
Hélia Félix também acreditou no cooperativismo. A engenheira agrônoma investiu no melhoramento genético e ficou em primeiro lugar com o título de melhor amêndoa durante o Concurso Nacional de 2021 que aconteceu na Bahia. O cacau produzido na roça dela também vira chocolate que ganha reconhecimento: as barras de 50% e de 70% ficaram em primeiro lugar no Festival Internacional de Belém.
"Desde 1997 produzo cacau e a partir de 2010 nos dedicamos a fazer uma amêndoa de qualidade. (...) As nossas amêndoas hoje na cooperativa são vendidas com valor agregado e também foi um aprendizado.", conta a cooperada.
Hoje são 5 lojas no Pará, além de pontos de vendas espalhados em aeroportos e outros locais estratégicos. O chocolate da Amazônia chegou em mercados como o de São Paulo. Massaô é da área de contabilidade e resolveu ampliar os negócios da família com uma loja de chocolate em Altamira.
"Hoje eu também faço parte da cooperativa do tanque que acreditei nesse projeto. Trabalhar em conjunto é mais fácil do que trabalhar sozinho, senão fosse isso não teríamos chegado onde chegamos.", afirma o empresário Massaô Chimon.
A primeira indústria chocolateira da Transamazônica e Xingu já tem mais de uma década. Hoje são mais de 100 produtos no cardápio, além do cacau da floresta, outros sabores da Amazônia também fazem parte do menu.
O bolo que acabou de sair do forno não glúten e nem lactose. A receita leva farinha de babaçu, alimento produzido por extrativistas do Xingu. A marca resolveu aderir o chamado intercooperação e comprar produtos da floresta de outras associações do Xingu e regiões do Pará. De Tailândia também vem a castanha de caju um dos ingredientes para o creme de cacau recém-lançado.
Conhecimento, agricultura familiar, geração de emprego. Medicilândia é o orgulho dos moradores. O cacaueiro virou inspiração até para músicos. O cacaueiro já floriu porque a terra roxa de Medicilândia é fértil e fez com que mineiros, capixabas, gaúchos e nordestinos escrevessem uma nova história a partir da colonização.
Mas além dos pioneiros, quem chega agora, também é bem-vindo para conhecer a cidade que aproveita exatamente tudo o que tem a ver com o cacau: ele vira arte, renda e alavanca a economia paraense.
"E como é ser prefeito da cidade que mais produz cacau no Brasil? É uma satisfação e um privilégio, o maior produtor de amêndoas e de qualidade, Medicilândia já foi premiada no exterior, em São Paulo e m outras capitais pelo seu produto.", pontua Júlio Cezar do Egito, Prefeito de Medicilândia.
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